Descubra a história do Cemitério de Perus, símbolo da resistência e da memória da ditadura na Zona Norte de São Paulo.
Neste Dia de Finados, enquanto milhares de pessoas prestam homenagens a entes queridos, o Cemitério de Perus, na Zona Norte de São Paulo, ganha um significado ainda mais profundo. Ele é um marco histórico da memória e dos direitos humanos no Brasil, conhecido por abrigar a vala clandestina que revelou um dos capítulos mais sombrios da Ditadura Militar.
Oficialmente chamado de Cemitério Dom Bosco, a Prefeitura inaugurou o espaço em 1971, durante a gestão do então prefeito Paulo Maluf, com o objetivo de atender à população de baixa renda da região de Perus. O que ninguém imaginava era que o local se tornaria, anos depois, um dos maiores símbolos da busca por verdade e justiça no país.
Durante a Ditadura Civil-Militar, o cemitério passou a ser usado clandestinamente para enterrar opositores políticos e vítimas da repressão, muitas vezes identificadas como “indigentes” ou registradas com nomes falsos.
Em 1990, durante a gestão da prefeita Luiza Erundina, uma escavação revelou a vala clandestina do Cemitério de Perus, contendo 1.049 ossadas humanas.


O achado confirmou as suspeitas de familiares de desaparecidos políticos, que desde a década de 1970 denunciavam o desaparecimento de militantes e opositores do regime.
Três anos após a descoberta, em 1993, foi inaugurado no local o Memorial de Perus. Criaram o espaço como uma homenagem às vítimas e um lembrete permanente da importância de preservar a história.

Em 2024, o Ministério dos Direitos Humanos firmou um novo acordo com a Unifesp e a Prefeitura de São Paulo. O objetivo foi retomar os trabalhos de identificação das ossadas. No mesmo ano, o Estado brasileiro emitiu um pedido formal de desculpas às famílias das vítimas. O governo reconheceu as graves violações de direitos humanos cometidas durante a ditadura.
Atualmente, o Cemitério de Perus segue em funcionamento, atendendo à nossa comunidade da Zona Norte. Mas também podemos dizer que ele se tornou um símbolo da luta por memória e dignidade não só para a comunidade, como para todo o país.


