Museu do Colégio Imperatriz Leopoldina: muita história da ZN pra contar!

Quem passa hoje pelo Colégio Imperatriz Leopoldina, na Rua Pedro Doll em Santana, não faz ideia da história que um de seus prédios carrega até hoje. Santana localiza-se em parte das terras da antiga Fazenda Sant´Anna, onde também foram formados os bairros Tucuruvi, Tremembé e Cantareira. Em Santana, como nos outros em que se fizeram presentes, os alemães reconstruíram seu estilo de vida, traçando normas de comportamento deixadas às gerações seguintes.

O Colégio Imperatriz Leopoldina, conhecido como CIL, possui um tesouro guardado dentro do seu prédio mais antigo. E foi nesse prédio pioneiro que estivemos a convite deles para conhecer um pouco dessa história.

Ali, no segundo andar, encontramos uma sala repleta de fotos e documentos da época, além de objetos e móveis que muitos de nossos filhos não conhecem, como um mimeógrafo ou uma máquina de datilografia bem antiga. Carteiras escolares da época também foram conservadas, assim como uniformes, bandeiras, medalhas e até microscópios.

Quem nos contou um pouco sobre o passado do CIL foi a gerente administrativa Evelyn M. Beck Matthes, cujo pai, Sr. João Ricardo Beck, presidiu a Associação Cultural e Beneficiente de Santana (mantenedora do CIL) por quase 50 anos. Evelyn nos contou sobra a importância da família Baumgart na história do CIL, assim como de muitas famílias imigrantes de visão, que hoje são influentes e importantes no nosso País.

Na década de 1920, cerca de cinco mil alemães (muitos operários das indústrias da região) se dividiam em atividades educativas, religiosas, esportivas e culturais. Uma delas teve um papel importante na organização da escola: o Clube de Canto Eintracht, formado por dezoito senhores de Santana. O convite para se formar uma Associação Escolar partiu deles, e em 15 de março de 1923 se iniciou uma escola com vinte e uma crianças, com o nome de Hindenburg Schule (Escola de Hindenburgo), cujas matriculas aumentaram em um pouco espaço de tempo. Logo já estava funcionando com três salas de aula alugadas e sessenta alunos, à rua Voluntários da Pátria, sendo mantida pela Sociedade Alemã de Santana e Arredores .

No entanto, o espaço tornou-se insuficiente e, logo, passou para o endereço atual, onde recebeu outros nomes: Externato Pedro Doll, em função do nome da rua, que homenageia um imigrante alemão; Ginásio Imperatriz Leopoldina (GIL), em homenagem à Imperatriz Leopoldina, de origem austríaca. E, por fim, em 1971, passou a se chamar Colégio Imperatriz Leopoldina (CIL).

Para a construção desse prédio na Rua Pedro Doll foi recebida uma “doação” da Alemanha, mas o Hiltler transformou a doação em hipoteca, visando manter o controle sobre as escolas alemães no estrangeiro. Essa hipoteca era com o Banco Alemão Transatlântico. Após a guerra de 1942 o governo brasileiro ficou com o patrimônio do banco e com a hipoteca do CIL.

Anos depois essa hipoteca foi resgatada por pessoas ricas e influentes da colônia, e depois vendida para o Sr. Otto Baumgart. Já no ano de 1960, foi eleito presidente da Associação, o Sr. Otto Baumgart, que condicionou o seu cargo à atuação efetiva do vice-presidente, Sr. João Ricardo Beck, que, em 1965 tornou-se presidente da mantenedora do colégio até o seu falecimento em 15 de dezembro de 2007.

Imaginem se essas paredes falassem? Quantas histórias estão guardadas e enterradas ali… uma delas é a Pedra Fundamental do CIL, que ainda está intacta abaixo da construção.

Mudanças importantes ainda estarão por vir. Em 2023 o Colégio Imperatriz Leopoldina completará 100 anos. Será um motivo de grandes comemorações na nossa amada Zona Norte de São Paulo. Ainda no final deste ano, se iniciarão diversas homenagens e eventos rumo ao centenário do CIL. Estamos ansiosas!

Agradecemos a oportunidade de conhecer um pouco dessa história tão fascinante de um estabelecimento de ensino totalmente respeitado e admirado na Zona Norte. Hoje o CIL, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, possui cerca de 1100 alunos, sendo uma minoria apenas descendente de alemães, o que demonstra que muitos pais se preocupam com o aprendizado de seus filhos em mais de uma língua estrangeira, mesmo esta não sendo de sua origem.

O espaço do físico do CIL hoje é de 15000 m², onde estão construídos o prédio da Educação Infantil – voltado, especialmente, para crianças – e demais prédios com várias salas de aula, administração, laboratórios modernos de Física, Química, Biologia, Geografia, Artes, Línguas, Informática, salas de vídeo e leitura, laboratório de estudo, biblioteca, sala de música, estúdio de música, anfiteatro, ginásio de esportes coberto com arquibancada para 1000 pessoas, praça de alimentação, salão de eventos, estacionamento e quadra de esportes coberta, além de um lindo bosque.

“O Colégio Imperatriz Leopoldina, com orgulho do seu passado, predispõe-se, no presente, através do crescimento e da modernização, a formar verdadeiros cidadãos brasileiros.”

Lembramos também que o CIL foi eleito pelos leitores do GuiaZN, em setembro, como o melhor colégio da Zona Norte de São Paulo. Na recepção administrativa e no saguão de entrada dos alunos, encontramos, com muito orgulho, o certificado do GuiaZN em suas paredes.

Parabéns CIL!

Ellen Beck (Ger. Administrativa), Nanci Toledo (GuiaZN), Doroteia Leindorf Bartz (Dir. Pedagógica Geral) e Evelyn Matthes (Ger. Administrativa).

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4 respostas

  1. Que saudades!!!! Que honra ter feito parte dessa história!!!! Estudei no Externato Pedro Doll, e fiz parte da primeira turma do “ginásio” de 1962, qdo então o nome passou para Ginásio Imperatriz Leopoldina! Tudo começou com uma sala de treze alunos e foi crescendo tornando-se essa ” cidade” que é hoje o CIL. Obrigada à todos: D.Elza Ribeiro dos Santos ( minha tia) e diretora do Externato por muitos anos, Sr. Johannes Gabriel, diretor do Ginásio,aos professores! E tb por ter podido ver minha neta estudando nesse Colégio!!! Homenageio com carinho os professores e a D. Gerda que tanto tempo trabalhou na secretaria do Colégio!!!!!

  2. Saudades desse tempo. Também estudei no Gil na época da D. Elza, Sr. Gabriel e D. Gerda. Bons tempos! Parabéns, está muito lindo.

  3. Fui aluna do CIL, na minha época Externato Pedro Doll, em 1960, no 1o.ano (como então era chamado), até me formar no ginásio.
    Muita saudade. D.Gerda, prof.Johannes Gabriel (diretor), Frau Farnkas, professora de alemão, e tantos outros. As aulas de canto e educação física. Pulei muita corda no páteo de cima, chão de terra!
    Aprendi muito nessa escola. Fiz boas amizades. Só gratidão!

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